Arte
Conceitual de Francielli Noya.
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Storyboard de Leo Rangel, a partir
das indicações da arte conceitual e do roteiro decupado.
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Imagem
final, com cenário de Lidiane Cordeiro, já com a paleta de cores de Francielli
Noya e mar em 3D de Felipe Gaze
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Os estúdios, antes de começarem as gravações de qualquer filme, fazem as
artes conceituais: que são ilustrações, coloridas ou não, para inspirarem a
concepção de personagens e cenários. Mesmo com todo o texto pronto, é na arte
conceitual que se começa a ver a cara que o filme vai ter, ainda que seja para
rejeitar muitas dessas primeiras imagens. Afinal, em todo processo, alguma
coisa tem que ficar para trás, principalmente, o que está lá no germe da
criação.
Então como vamos começar o início? Já sabemos a história que queremos
contar. Agora, com que imagens vamos contá-la? Com quais cores vamos nos
comunicar?
Com essas perguntas se faz um novo tipo de pesquisa.
Tendo em mente que o gênero de Colônia Horror é um terror histórico, já
tínhamos um norte. O filme deveria provocar sentimentos de tensão e pavor. Há
cores para isso, e, normalmente, se utiliza uma paleta mais fria. Ah, a paleta!
É o que o pintor usa para organizar as cores do seu quadro. Ele tem um número x
de tinta, mas vai selecionar as que lhe interessam para cada trabalho. Assim
também é com os filmes, para que tenham uma coerência em toda a sua sequência. E quando se trata de um gênero tão específico,
isso é fundamental. Então estudamos a paleta de vários filmes, principalmente
de terror. Como dito, quando se quer assustar alguém, comumente, é colocado um
filtro anil, acizentado, bem frio. Estamos trabalhando com animação – o que nos
dá mais vantagens para manipular as cores do que num longa-metragem live action, por exemplo.
Filmes de terror tendem para cores mais frias. Check!
Analisemos, agora, uma das primeiras pinturas em aquarela, feita a partir
das orientações da decupagem do roteiro: as caravelas cortando um mar
acinzentado e, como pano de fundo, um por do sol carregado de nuvens. Tudo
muito cinza, passando uma sensação de que algo sombrio está a caminho, como um
navio fantasma. O quadro ficou bonito e cumpriu seu papel de aura de suspense e
terror. Mas não é tão simples assim. Nem tudo daria para ser aproveitado. Por
quê? Em Colônia Horror existem elementos ligados ao fogo e, como todos sabemos,
o fogo é quente. Até poderia acinzentá-lo, mas será que o preenchimento amarelo
e vermelho, próprios do fogo, não tem algo a contribuir? Se não devemos
contornar isso, vamos lucrar com isso.
No início da narrativa, a personagem principal está no porão de um navio,
que será atingido por um incêndio. Esse espaço abaixo do convés e iluminado por
fogo é uma perfeita alusão ao inferno. Então, levando em conta isso, e, para
dar coerência à narrativa, o céu e o mar são repensados durante a elaboração da
paleta de cores: as caravelas passam a estar localizadas num mar e por do sol
bem avermelhados, eliminando neste quadro inicial o cinza que estava na arte
conceitual. O vermelho deve tomar conta da tela, como uma carnificina a la
Tarantino. Enquanto uma animação de zumbis isso parece funcionar. O cenário
então passa a ser mais estimulante/vibrante, e menos sombrio.
Depois disso, esta cena foi desenhada no storyboard, sem cores, mas
orientada pelo que a arte conceitual permitiu discurtir.
Daí se vê como uma pintura que teve vários elementos dela descartados foi
importante para inspirar o stortyboard,
o cenário final e para construir uma paleta para o filme.
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